quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sou





Vivo a vida e uma vida assim
meio sem graça, meio sem gesto,
quase de leve, de sombra, de canto.
Coisas que escondem-se,
coisas que perdem-se.
Vivo da vida seu pouco carmim.


Balanço de olhos, puro jasmim
é fragrância dos dias, doce condor.
Sou desse jeito, uma ave que voa
seus próprios delírios na esteira do vento,
seus próprios desejos na rua do tempo
que passa tão lento soando um clarim.


E só eu me calo, e só eu em mim
encontro a verdade em meu mundo que dói.
O tudo que sou, o tudo que posso.
O tudo que quero e mais o que peço.
Da minha história, da vida, da glória,
Sou meu vazio ,meu nada, meu fim. 

Rosy Fonseca/1998 (direitos autorais reservados)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Doce Verdade

Ecoa um murmúrio de areia.
Em meus braços a brisa adormece.
E enquanto o tempo me esquece ,
a espuma do mar me penteia.

A chuva desfila ligeira.
Seus pingos ao longe me estimam.
São como cristais que iluminam
meu corpo estendido na esteira.

Eu quero acanhada,
eu quero este mar,
beber seu consolo
que meiga me faz.
Eu viro carinho,
eu viro uma flor.
Trago a certeza
que sou inocência.
Eu rolo perdida,
eu rolo na areia.
Sinto a surpresa
de uma criança.
Eu corro o horizonte,
eu corro a esperança.
E faço a alegria
da história sem fim.

Sem fim como este momento
que me abraça feito acalanto.
Se às vezes derramo meu pranto,
é porque tudo isto eu invento.

Eu durmo a ilusão que suponho.
Meu sonho é alma invadida.
Pois toda a mentira da vida,
é a pura verdade do sonho
Rosy Fonseca/ 1983 ( todos os direitos reservados)