sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sonho Real

Sonhei. Creio que o fiz como prova
destes instantes sem desterro,
destas horas sem pesadelo.
Sei que sonhei o que tenho agora. 

Vagava eu num passeio vaporoso
dentro dos meus sonhos com magnificência.
Gotejando tuas frases com veemência,
que havias me dito tão ardoroso. 

Saltitante era meu coração ajustado
pelas tuas constantes afirmações.
Belas, sinceras, como ternas canções
que ouvíamos a cada minuto calados. 

E eu te via despertando comigo...
Afagavas meu corpo com forte ganância...
Tudo isto eu sonhei com tanta sustância,
que tornou-se real minha vida contigo. 

Rosy Fonseca/1978 todos direitos reservados

terça-feira, 17 de julho de 2012

Percurso

Sozinha num canto qualquer,
os dias passam por mim.
Não sei se uma lágrima diria
aquilo que está dentro de mim.

São manhãs que me fazem lembrar
lindas recordações e chorar.
São tardes que me fazem sentir
tudo, quando não posso sorrir.

São noites que me fazem olhar
para esse mundo e tentar
dizer o quanto quero acordar,
enfim, completamente te amar.

Rosy Fonseca/ 1975 todos os direitos reservados


Garra

Não me deixe solta,
não me perca a graça
que rodopia brincando
na terra encorajada.

Alcança-me do teu modo,
haja falha, haja medo.
Aponta-me tua força,
me derruba com dengos.

Confirma a tua esperança.
Corra no teu vigor.
Para percorreres mais tarde
as linhas sobre meu ventre.

Remonta sobre ti mesmo e
busca após teu cansaço
minha vigia, meu calor,
para te dormir em meu colo.

Apaga as tuas derrotas,
aquela raiva louca e surda
de nunca ter conseguido
as vigas de meu contato.

Não justifica teus atos,
bem sei como e porque.
Não desfaça teu peito,
pois te cobrirei de paixão.

Tu beberás do meu cálice
meus gestos brandos e lentos
sobre teu rosto ansioso.
Te encantarei para sempre.

Rosy Fonseca/ 1977 todos direitos reservados


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Aqui...

Nasce a cada minuto incessante
a palpitação de meu sentimento apurado
mergulhado numa sensação delirante.
Engrandece a satisfação dos teus beijos,
aumente a procura de teu corpo,
extravasa parte de meus mais fortes desejos.

Meus dias, sonhos e vontades,
a coragem de meus passos e margens.
A confiança próspera e a confirmação,
a porta do prazer começa a se abrir.

Quando em ti vejo um sorriso verdadeiro
e em meu peito tu és a coberta.
Nossas mãos são como vigas unidas
que nos isolam completamente do mundo.

Aqui...

Onde tudo é tão modesto e deserto.
Parece um encanto num horizonte distante
que não se percebe, mas eu o vejo de perto.
Pois em meu colo tu dormes sabendo
que é nele que tens o calor preciso,
que sou teu amor, tua mulher, te envolvendo.

Rosy Fonseca/ 1978 todos direitos reservados


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Encontrar-te

Ando pelas ruas meio que perdida
pela multidão de olhares insólitos .
Rostos jogados sem identidade .
E eu procurando algo , desiludida ...

Percorro em giros quase entediada
a cada manhã um caminho diferente.
Por todas as partes entro em desespero.
E eu procurando alguém , desencantada ...

Mais um dia , a noite me atropela .
Passo correndo, ouço vozes em gritos.
Percebo os gestos fixados no nada .
E eu procurando algo , mas não se revela...

Chego à casa em minutos entristecida.
Abro a janela e já não vejo ninguém .
Fecho meus olhos chorando o desprezo.
E eu procurando alguém , toda a minha vida...

Resolvo deitar-me e não mais pensar.
Amanhã em seguida tudo se repetirá .
Durmo a dor deste sonho incessante
que a qualquer hora , eu vou te encontrar...

ROSY FONSECA - 5/07/2012 todos direitos reservados


terça-feira, 3 de julho de 2012

Angustiada Dor

Tão cedo, e já é hora de partires novamente.
Custa-me fixar os olhos fundos, molhados,
na sombra que vais largando pela rua
e que agarra-se sólida a cada passo teu.

Mais uma vez, aquela mesma sensação amarga.
É como se meu ser estivesse se resumindo
e fosse, portanto, aos poucos, se decompondo
para só ressurgir quando aqui voltares.

A solidão chega e paralisa meus movimentos.
O desespero sufocante emudece a minha voz.
Sinto-me possuída por uma tristeza aflita,
perco o poder de assumir minha vida.

E sem perceber, é hora de partires novamente...
Nem preciso dizer-te o quanto padecerei com isso.
Basta que olhes para meu rosto reclinado
e vejas nele a dura dor desta despedida.
Rosy Fonseca/1978 todos direitos reservados