sexta-feira, 19 de abril de 2013

Sem Rodas... Sem Curvas


 
 

Qual asfalto me faria enxergar
suas pequenas pedras reluzentes,
tão escurecidas pelas rodas
dos carros que passam dispersos
levando o emblema de cada estrela
refletida no vidro espelhado ?
 

Qual música me faria encontrar
meu sentimento já tão sofrido
pelas pautas destas andanças
que me cercam de dúvidas trêmulas
carregando sem sentido, sem senso
as noites amanhecidas de baile?
 

Pego-me comumente,
em pensamentos indisciplinados
na plenitude silenciosa , calada,
de um deserto  poderoso e firme,
ao sol mórbido que vem acentuando
arduamente o meu perfil cotidiano.
 

Armo-me de de vãs perseveranças,
ao procurar sobrepor um punhado
de areia e vento em praias indefinidas
por memórias cansativas, entediantes
da minha  vida ...E caminho, caminho...
sem perceber que regresso inconstante 
 

Qual quietude me faria ouvir
o barulho molhado da chuva
batendo  incessante no asfalto pacato
de uma noite escurecida sem sonhos
correndo aflita em desespero
em uma rua sem rodas, sem curvas  ?
 

Rosy Fonseca/1978  (todos os direitos reservados)


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Realização


Leva-me,
para teu imenso horizonte,
onde meus fortes desejos
possam a ti satisfazer. 

Leva-me,
por entre o verde tão leve,
pondo-me cálida a relentar
sobre a tua fome ardente . 

Vou te revestir de carícias,
de claridades tão límpidas,

que transportarei com instinto
meu peito para dentro de ti. 

Obterás cada parte,
cada vontade, toda a arte
que tenho guardado comigo
e sei o quanto te induz. 

Te portarás em meu ventre,
me envolverás com ambição.
Teus impulsos serão o poder
ao submeter-me em teu corpo. 

Num todo aguçado e ofegante
que em nada poderá  acalmar.
Em cada gesto um enlace,
um movimento, um prazer . 

Não quero ter-me em realce,
não quero nobreza, esplendor.
Quero-me só a ti presente,
unicamente a ti ,  mulher. 

Rosy Fonseca/1978 :  todos os direitos reservados