Qual asfalto me faria enxergar
suas pequenas pedras reluzentes,
tão escurecidas pelas rodas
dos carros que passam dispersos
levando o emblema de cada estrela
refletida no vidro espelhado ?
Qual música me faria encontrar
meu sentimento já tão sofrido
pelas pautas destas andanças
que me cercam de dúvidas trêmulas
carregando sem sentido, sem senso
as noites amanhecidas de baile?
Pego-me comumente,
em pensamentos indisciplinados
na plenitude silenciosa , calada,
de um deserto
poderoso e firme,
ao sol mórbido que vem acentuando
arduamente o meu perfil cotidiano.
Armo-me de de vãs perseveranças,
ao procurar sobrepor um punhado
de areia e vento em praias indefinidas
por memórias cansativas, entediantes
da minha vida ...
E
caminho, caminho...
sem perceber que regresso inconstante
Qual quietude me faria ouvir
o barulho molhado da chuva
batendo incessante no
asfalto pacato
de uma noite escurecida sem sonhos
correndo aflita em desespero
em uma rua sem rodas, sem curvas ?
Rosy Fonseca/1978
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