segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Verso


Estância deste meu ser
tão lerdo e meio disperso,
sem ao menos refalecer
... ele é verso.
 

Essência do meu discorrer,
pegadas de pouco universo,
poço de mágoa a se crer
dentro de um mar submerso 
 

Razão de meu simples tanger
de naufrágio, servo perverso,
quis-se de mim refazer
em um desconsolo inverso. 
 

Fuga crua deste meu ser
enaltecido de um verso,
que busca o cansaço sofrer
para chegar de regresso. 

Rosy Fonseca/ 1979

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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um Lugar e Você


Deve haver um lugar
onde eu me perca no ar,
que possa até delirar
e o meu passado ficar .

Restar para não renascer,
para nunca mais eu temer
o tempo que passei a sofrer
e fiz o meu peito morrer.

Quero agora um deserto.
Um canto , pouco discreto.
Somente um sol aberto
e ver você bem de perto.

Você que jamais conheci,
ou então mal percebi,
ensina-me de novo a sorrir
que por vivência, esqueci.

Rosy Fonseca/ 1978
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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Barragem de Paixão

Este murmúrio de água correndo,
este enlace de folhas jogadas,
esta primavera que me sufoca de paixão.
Uma aragem que em teus cabelos dorme selvagemente,
que me semeia a vontade de ser tua.
A fixidez de teu rosto me tranca desprevenida.
Tua intimidade me condensa, me supera, me seduz.
Esta aflição que me recorta, que me fulmina de amor.
Só porque a devassidão de um mergulho profundo entre nós
age sem preconceito.
E sem desavença concentra o balanço que une indeterminadamente as pálpebras resguardadas.
É a chama que incandesce.
É o impulso que embelece a viagem de um súbito desejo.
É a barragem que desabrocha em represa espontânea.
É a clave de um eco que cintila um soneto.

Rosy Fonseca/ 1977
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