sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Opressão


Chove. E não consigo mais alentar
um pingo sequer desta chuva,
que molha-me feito maldade
a ponto de me enlouquecer. 

 

Choro. E já não posso desentocar
os olhos afogados em pranto.
Meu peito , sinto-o arder magoado
a esconder meu sorriso morto.

 

Como eu queria um palmo de luz,
um raio de esperança pródiga,
um foco de estrelas flamantes
a perpetuar sobre o meu destino.

 

Até um balanço de mar,
um horizonte que então banhasse
cor por cor, dor por dor,
cada pedaço de meu caminho.

 

Pobre do meu sonho dourado
que nunca mais brilhou; acordou.
Pobre da minha meiga ilusão
que desapareceu pelas trevas.

 

Eu só queria renascer para o sol
revivendo-o dentro de mim.
Criar forças e tanta audácia
para erguer meus olhos marcados.

 

E em cada metade do meu sustento
que não decaíssem as flores,
que não destruíssem o tempo,
tão pouco o amor, como eu queria...

 

Rosy Fonseca/ 1979

(todos os direitos reservados)
 

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