Suave como ave branca,
eu paro estática e sinto
nas linhas perenes do rio
uma evolução de águas.
Uma bela marcha em giros
de lerdo e manso desnível.
Uma livre agitação branda
deslizando em sonoras pautas.
Um áspero vento me empurra,
estende-me à terra baixa.
Desdobra-me com farta cobiça,
com cheiro de sedução.
E as águas em andamento
revestem meu corpo impulsivo.
E com barulho de correnteza
vão aumentando sem medo.
Rolam por todos os cantos,
rolam beijando minha boca.
Fluem por todos os lados,
fluem tomando-me desnuda .
Essa águas que brotam arrojadas,
águas que louvam delírios.
Talvez sejam miragens atraídas
que minh’ alma apressada exija.
Visões que não posso tocar,
que inundam-me sem me molhar.
Fascinações que não posso suprir,
que acusam-me sem comprometer.
São águas que em correnteza
ocupam total a minha razão.
E largam-me desprotegida
nesta vasta e perdida ilusão.
Rosy Fonseca /1978
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